A DRE é um dos relatórios contábeis mais importantes para o gestor e investidor de startups, independentemente do tipo jurídico, porte ou regime de tributação.
Afinal, os dados evidenciados na demonstração de resultados dizem muito sobre a saúde financeira do negócio e suas perspectivas futuras.
Se você tem ou pretende ter uma empresa, precisará ler e interpretar a DRE do jeito certo para tomar as melhores decisões.
Quer saber como funciona?
Então siga a leitura deste post que elaboramos com a ajuda de analistas fiscais e contábeis da Comece com o Pé Direito.
O que é DRE?
A DRE é a sigla para Demonstração do Resultado do Exercício, um relatório contábil apresentado de forma dedutiva a partir da receita bruta, da qual são extraídos os custos e despesas até a apuração do lucro ou prejuízo do período.
Traduzindo, DRE nada mais é do que um resumo das operações realizadas pela empresa, no qual são confrontadas as contas de receitas, despesas, custos e provisões, evidenciando a formação do resultado líquido.
Para que serve a DRE?
A DRE atende tanto às exigências fiscais quanto aos objetivos gerenciais e de investimento de uma empresa ou startup.
No âmbito externo, pode ser requisitada nas seguintes situações:
- Pelo governo, como parte das obrigações acessórias que devem ser entregues periodicamente
- Pelos investidores, como parte do processo de análise de investimento, seja por meio de plataformas digitais ou rodadas presenciais
- Pelo banco, como parte do processo de análise de crédito, caso a startup precise recorrer a fontes de financiamento para alavancar suas atividades.
No âmbito interno, a DRE pode servir aos seguintes propósitos:
- Análise de desempenho operacional e financeiro, tanto vertical (de cima para baixo) quanto horizontal (comparação entre resultados de diferentes períodos)
- Criação, a partir da dados da DRE, de indicadores de desempenho alimentados também por outros relatórios, como o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC)
- Instrumento de tomada de decisão sobre diferentes aspectos do negócio, como redução de determinados custos e despesas, necessidade de captação de recursos, etc.
O ideal é que a DRE esteja sempre no azul, afinal, um dos principais objetivos de toda empresa é gerar lucro.
No universo das startups, no entanto, essa avaliação precisa levar em conta os aspectos específicos dos negócios inovadores.
Uma empresa tradicional, estabelecida em um mercado consolidado, pode começar a dar lucro já no primeiro mês após a inauguração.
Em uma startup, principalmente na fase de ideação e early stage, isso dificilmente vai acontecer, já que o consumo de caixa é intenso nos ajustes do produto ao mercado, o chamado product-market fit.
Não é incomum, portanto, DREs no negativo nesses primeiros estágios, o que é justificável, desde que haja uma perspectiva de crescimento exponencial.
Quais empresas precisam elaborar a DRE?
Com exceção do MEI, todas as empresas precisam elaborar a DRE de acordo com a legislação vigente.
O Código Civil, em seu Artigo 1.179, diz o seguinte:
“O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o Balanço Patrimonial e o Resultado Econômico”.
O Resultado Econômico a que se refere o artigo corresponde à DRE, Demonstração de Resultado do Exercício.
A Lei Complementar 123/06 permite às empresas optantes pelo Simples Nacional uma contabilidade simplificada, desde que em consonância com as disposições previstas no Código Civil e nas Normas Brasileiras de Contabilidade.
Ou seja, precisam reportar a DRE.
No caso das empresas optantes pelo Lucro Presumido ou Lucro Real, além da DRE, o Fisco exige outros relatórios, como a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA).
Conforme a Lei das Sociedades Por Ações (Lei 6.404/1976), caso a empresa seja de capital aberto (negocie ações no mercado secundário), precisará também tornar pública a DRE.
A única exceção, então, é o MEI (Microempreendedor Individual), que deve apresentar apenas a Declaração Anual de Faturamento.
Quais os principais benefícios da DRE?
Existem muitos, afinal, várias informações podem ser analisadas com base nos dados obtidos em uma DRE.
Como exemplo, podemos acompanhar a evolução das receitas ao longo do tempo e avaliar se o negócio está em ritmo de crescimento ou não.
A evolução dos gastos incorridos também é uma informação disponível na DRE que pode auxiliar os gestores na identificação de novas estratégias empresariais.
Quando analisados em uma perspectiva histórica, esses custos podem indicar a necessidade de revisão de procedimentos produtivos.
Nesses casos, além de ter dados em que se possa confiar, é necessário atentar-se às variações, tanto em valores absolutos quanto em percentuais, se possível na forma de gráficos e indicadores.
Qual é a estrutura da DRE?
Conforme a Lei 6.404/1976, uma DRE deve conter as seguintes informações:
- Receita bruta das vendas e serviços, bem como deduções, abatimentos e impostos
- Receita líquida das vendas e serviços, custo das mercadorias e serviços vendidos e lucro bruto
- Despesas com vendas, despesas financeiras, despesas gerais e administrativas e outras despesas operacionais
- Lucro ou prejuízo operacional, outras receitas e outras despesas
- Resultado do exercício antes do Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido
- Participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias
- Lucro ou prejuízo líquido do exercício.
A seguir, confira como a DRE é estruturada, seguindo um fluxo vertical descendente.
| RECEITA OPERACIONAL BRUTASoma das vendas de produtos, mercadorias e prestação de serviços |
| (-) DEDUÇÕESDevoluções de vendas, abatimentos e tributos incidentes sobre as vendas (ICMS, ISS, IPI) |
| = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA |
| (-) CUSTOSCMV (Custo das Mercadorias Vendidas), CSV (Custo dos Serviços Vendidos), CPV (Custo do Produto Vendido) |
| = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO |
| (-) DESPESAS OPERACIONAISDespesas administrativas e com vendas |
| (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDASDespesas financeiras (-) receitas financeiras |
| = RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IRPJ e CSLL |
| (-) PROVISÃO PARA IRPJ e CSLLPara empresas optantes pelo Lucro Presumido ou Lucro Real |
| (=) RESULTADO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES(-) Debêntures, PLR empregados, participações de administradores, fundos de assistência e previdência, etc. |
| (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIOLucro ou prejuízo |
Como fazer a DRE? Passo a passo
Com as ferramentas da contabilidade digital, na prática, a DRE é feita automaticamente a partir dos fatos econômicos registrados por meio da escrituração contábil.
Estruturar manualmente uma DRE é uma tarefa burocrática, demorada e nada eficiente do ponto de vista operacional.
Mesmo assim, é importante você entender como a DRE é feita para conferir, caso queira, os cálculos feitos pelo sistema.
Para fazer uma DRE manualmente, você precisará compreender alguns conceitos fundamentais da contabilidade, como débito e crédito e a diferença entre contas de resultados e contas patrimoniais.
Vamos às etapas:
- O primeiro passo, então, é selecionar as contas de resultado com seus respectivos saldos (débito e crédito). Uma boa maneira de fazer isso é usando os razonetes ou conta “T”
- Em seguida, crie uma conta de Apuração de Resultado de Exercício (ARE) que servirá para receber os saldos das contas de resultados
- Com as contas de resultados selecionadas (Despesas com Salários, Receitas e CMV, por exemplo), você precisa zerá-las, transportando os valores para a conta ARE
- O passo seguinte é apurar se o resultado foi lucro ou prejuízo e transportar o saldo (positivo ou negativo) para a conta Lucros/Prejuízos Acumulados do Balanço Patrimonial.
Essa é uma explicação teórica, considerando os princípios das partidas dobradas dos lançamentos contábeis, que pode parecer complicada à primeira vista.
Mas não há nada com o que se preocupar.
Na prática, todos os cálculos são feitos automaticamente e sem complicação, principalmente se você tiver como parceira uma contabilidade digital de alta performance.
Qual é a melhor forma de analisar a DRE?
Você pode analisar uma DRE de duas maneiras:
- Análise horizontal, baseada na comparação entre resultados de diferentes períodos
- Análise vertical, também conhecida como Análise de Estrutura, que permite segregar os diferentes elementos da DRE para uma avaliação individual.
Por meio da análise horizontal, o gestor pode criar gráficos e outros indicadores do ponto de vista histórico e analisar se os resultados da empresa estão em tendência de alta, de baixa ou andando de lado.
Por meio da análise vertical, poderá descobrir quais elementos contribuíram mais ou menos para o resultado em determinado período (custos altos, receitas baixas ou vice-versa) e tomar decisões mais assertivas.
O ideal é usar os dois tipos de análises dentro do processo de gestão, usando, inclusive, outras demonstrações contábeis, a fim de permitir uma visão mais ampla do negócio.
Como a Comece com Pé Direito pode auxiliar na DRE?
Sabemos da importância da DRE, e é por isso que a Comece com o Pé Direito possui um time altamente qualificado para ajudar você a gerir o seu negócio com mais eficiência.
Vimos que a DRE pode ser usada como uma ferramenta de análise da situação financeira, beneficiando empreendedores que buscam excelência em gestão.
Também favorece a realização de um planejamento estratégico e oferece um panorama para investidores que estejam interessados em aportar na empresa.
Portanto, se você precisa profissionalizar a gestão de sua startup, precisará elaborar a DRE do jeito certo, conforme os princípios da contabilidade.
A boa notícia é que, com a Comece com o Pé Direito, você conta com pacotes de serviços completos, tanto em contabilidade fiscal quanto societária.
Conheça os nossos serviços e fique ainda mais perto de realizar os sonhos da sua empresa.
Agende uma conversa com um de nossos especialistas e veja como podemos ajudar seu negócio a decolar!